Com uma média de 70 mil vagas a serem preenchidas numa área com faixa salarial que pode passar dos R$ 10 mil, o mercado esbarra sempre na falta de mão de obra qualificada
O setor de informática está em constante crescimento, mas sempre com carência de profissional. Com uma média de 70 mil vagas precisando ser preenchidas anualmente numa área com faixa salarial que pode passar dos R$ 10 mil, o mercado da Tecnologia da Informação (TI) esbarra sempre na falta de mão de obra qualificada. Para o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes), Gérson Schmitt, em alguns casos, esses profissionais não estão preparados para suprir as exigências das empresas.“Faltam profissionais porque falta formação em quantidade e qualidade. Essa área é dinâmica e nossa educação ainda é tradicional e está defasada. Os que querem se dar bem nesse mercado precisam ter, no mínimo, uma graduação na área, de três a cinco certificações em especialidades e ter o domínio pleno do Inglês”, afirma o presidente da Abes. Gérson Schmitt calcula que um profissional de TI em início de carreira tenha uma remuneração entre R$ 1,5 mil e R$ 3,5 mil.
“Profissionais maduros ganham de R$ 4 mil a R$ 6 mil e os mais especializados podem receber até R$ 10 mil”, comenta Schmitt.
Curso técnico é opção de qualificação
Diversos cursos e escolas de informática se esforçam para qualificar jovens querendo o seu primeiro emprego. Marcos Lopes, coordenador dos cursos da Microcamp, empresa de 33 anos no mercado com 63 filias e 80 franquias pelo Brasil, avalia que 70% dos profissionais da informática primeiro buscam um curso técnico para depois entrar para um faculdade.
“Formamos 120 mil alunos por ano. Em cursos técnicos como o nosso quase que em sua totalidade é prático e está mais próximo da realidade e das necessidades do mercado. Diferente das faculdades que trabalha muito com o lado teórico”, disse.
Contudo, Lopes não despreza a importância da graduação, apenas avalia fazer parte de um segundo momento.
“Muitos procuram primeiro um curso técnico por serem, em sua maioria, jovens entre 16 e 18 anos. Os cursos têm uma média de duração de dois anos e eles já começam a trabalhar na área antes mesmo de terminar o ensino médio”.
Web desing – O coordenador da Microcamp destaca, ainda, o web desing como uma área de grande oferta de trabalho no setor de informática.
“Hoje qualquer consultório dentário, por exemplo, tem um site, um blog. E é o web designer que cria essas ferramentas de divulgação na internet”, comenta Marcos Lopes.
Os interessados nos cursos da Microcamp podem ligar para sua central de atendimentos: 4003-9007.
Áreas mais carentes
O desenvolvedor (programador sênior) e o analista de sistema são os profissionais da área com maior carência, na avaliação do presidente da Abes.
“O problema é que a maior oferta de profissionais é para a área de serviços. Há gente demais fazendo a mesma coisa e não suprindo a demanada do mercado”, informa Gérson Schmitt.
Segundo ele, hoje há mais de 600 mil pessoas trabalhando na área.
“São 450 mil trabalhando em empresas de diversas áreas prestando serviços e dando suporte e outros 150 mil em empresas de software”, relata.
Reciclagem
O coordenador do curso de informática Index, no Centro de Niterói, Thiago Motta, avalia que a área é extensa, mas ele diz ser fundamental o profissional se reciclar.
“É uma área muito dinâmica e exige muito estudo por parte do profissional. O tempo todo novos aplicativos e novas tecnologias estão surgindo e ele tem a obrigação de estar antenado para isso. Aqui na Index criamos até um curso específico em manuteção de notebook. Curso esse que todos da área de suporte devem ter”, avalia Motta informando que a Index tem ainda os cursos avançados em web, em administração de rede e em linux.
Thiago Motta diz que muito profissionais trabalham à distância como Held Deck.
“Às vezes aqui do Rio de Janeiro o profissional pode atender uma empresa de São Paulo”, explica.
Mais informações sobre a Index no telefone 2620-3574.
Operações básicas
Com cerca de 60 franquias no Rio de Janeiro formando cerca de 30 mil alunos, a Microlins também oferece cursos de informática para quem está iniciando na profissão. São cursos livres de office básicos, operador de computador - montagem e manutenção de computadores e redes web desing e autocad.
“Há ainda o de montagem e manutenção em laptop. Nossos cursos de informática dão uma noção ao aluno do meio. Como temos parcerias com empresas do mercado, a maioria dos alunos conseguem trabalho logo que se formam. Os nossos cursos são livres, eles preparam as pessoas para o mercado de trabalho”, disse o Eduardo Machado Paes, coordenador de quatro franquias da Microlins, disponibilizando o 0300-7891220 para mais informações.
Trabalho freelance
O aluno de web desing da Microcamp, Rafael Gori Corradi, de 21 anos, já trabalhava na área e pediu demissão da empresa para atuar como freelancer. Maior remuneração e mais tempo para fazer cursos de especialização seriam os motivos.
“Às vezes com apenas dois ou três trabalhos eu consigo tirar R$ 1 mil. Salário que tinha na empresa. Como normalmente aparece mais que isso, tiro ainda mais. Quero também ter tempo para fazer um curso de photoshop com certificação pela Adobe”, afirma Rafael informando que cobra de R$ 150 a R$ 200 para cada página criada na web.
Ele afirma ainda ser uma opção de momento o trabalho freelance.
“Claro que quero um emprego estável. Mas para estar numa boa empresa com bom salário preciso investir nos estudos. Coisa da qual não estava conseguindo no antigo emprego”, explica o jovem.
Direito eletrônico
O professor de informática Júlio César Brito Teixeira, de 26 anos, deixou de dar aula de informática para seguir a carreira de advogado. Entretanto, não abandonou a informática. Hoje ele se especializou em Direito Eletrônico para defender causas contra crimes digitais.
“A minha experiência com a informática foi fundamental por estar oferecendo um serviço diferenciado e assim consigo cada vez mais clientes. No início fiquei com receio de deixar de dar aula na medida em que ganhava bem e era um dinheiro certo. Contudo, hoje não me arrependo”, conta Teixeira. n
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